1 de nov. de 2010

And after all, you're my wonderwall

Eu nunca pensei que você fosse ganhar algum espaço por aqui, mas também não vejo por que não. Você já tem um espaço tão grande na minha vida, e eu me pergunto se você sabe disso.
Eu acho que não, eu nunca fiz questão de dizer. Mas o fato é que eu sinto.
Eu sinto falta de te ver todos os dias, de disputar com você a nota mais alta na prova de história, de discutir sobre futebol, de te contar as minha novidades e esperar para ouvir as suas, eu sinto falta disso. Não sei se você sabe, mas os minutos que nós passavamos sozinhos no ônibus, eram os melhores para mim. Foi nessa simples atitude do cotidiano que nossa amizade se firmou, não é mesmo?
Você sempre esteve tão presente, eu me lembro de tudo. Me lembro que era você quem estava do meu lado quando eu chorei na aula pela primeira vez por causa de um garoto, foi você que levantou a minha auto-estima quando eu terminei com o meu primeiro namorado, era sempre você o único que sabia de todos os garotos que eu estava afim... Foram muitas coisas, de fato. É engraçado o jeito com que, até hoje, eu te mostro os garotos que eu conheço e você sempre descarta todos eles, arranjando algum defeito, ou então com o "ele não presta pra você" que já de praxe. O pior é que em todas as vezes você estava certo. Eu também fiz a minha parte, aprovando todas as suas namoradas. E pra falar a verdade, eu acho que em algumas coisas eu errei.
Nós seríamos o casal perfeito sabia? Eu sei que eu já te disse isso, mas foi na brincadeira. Agora eu falo sério. Nós gostamos das mesmas coisas, dos mesmos lugares, das mesmas pessoas e até aquelas diferenças necessárias existem entre nós. Você tem tantas das características que eu admiro num homem, e eu sei que eu também tenho, ainda que seja só um pouquinho, aquilo que você procura numa mulher. Chega a ser irônico o quanto eu demorei para enxergar isso.
Você gostava de mim, eu sei disso. Você demonstrava com os seus pequenos gestos e com os grandes também. Você me deu a oportunidade, lembra? Eu lembro. E eu rejeitei. Rejeitei porque você era meu amigo, meu melhor amigo. E na minha cabecinha de quize anos, amigos não ficavam juntos, não do jeito que você queria. O tempo passou e logo eu comecei a namorar. Eu acho que você ficou mal por dentro(ainda que não demonstrasse), eu queria que você ficasse, não por maldade, mas pra ter certeza de que você ainda sentia o mesmo por mim. Logo depois você começou a namorar também. Eu fiquei com ciúmes, é claro, principalmente quando eu percebi que agora você só me olhava como amiga.
Eu não sei quando eu comecei a pensar assim em você, mas eu confesso que eu morria de inveja quando eu via o namorado perfeito que você era. Todas as vezes que eu via você fazendo coisas lindas pra ela, eu não deixava de imaginar que poderiam ser para mim. É hilário como eu lembro de você toda vez que escuto Something dos Beatles, e eu lembro porque você dedicou essa música pra ela, mas poderia ter sido pra mim.
Eu sempre me esforcei tanto pra fazer os garotos perceberem que eu valia a pena, que eu não era uma garota qualquer e não merecia ser tratado como tal e que eu era especial. Mas você percebeu isso sem que eu precisasse mostrar. Você acha isso até hoje, ainda que nem eu saiba mais qual é o meu valor. Você me recrimina pelas minhas atitudes depreciativas e auto-destrutivas, e diz nas entrelinhas que eu estaria muito melhor se eu estivesse com você.  Você não tem noção de como eu queria acreditar nisso.
Só eu sei o quanto eu me forcei a gostar de você, seria tudo tão mais fácil. Mas a verdade é que eu morro de medo de te magoar, eu nunca me perdoaria se eu fizesse isso. Eu não sei porque eu to te falando isso agora. Também não entendo porque enquanto eu ouvia wonderwall do Oasis eu pensei em você e em como essa música dizia exatamente o que eu queria te dizer.
Eu to assim agora, sabe? Colocando pra fora tudo o que eu guardei por tanto tempo. Eu to abrindo as minhas gavetas, entende? Aquelas gavetas que eu mantive fechadas por tanto tempo, com medo da bagunça. Eu to abrindo e organizando. Em uma deleas eu achei você e resolvi organizar também.
Eu sempre fugi dos meus problemas, fingindo que eles não estavam ali na esperança de que um dia diminuíssem. Não adiantou muito. Isso não quer dizer que eu esteja os encarando de frente agora, mas pelo menos eu reconheço que me escondo. Isso é um sintoma de amadurecimento?
Eu gosto da confiança que a gente tem um no outro. Eu gosto de conversar com você, te dizer tudo o que eu preciso e ouvir o que você tem a dizer pra mim. Eu nunca te fiz nenhuma confissão absurda e nem te contei todos os meus problemas, mas só o fato de saber que você estará lá se eu precisar contar, já é tão importante. Eu não sou de falar muito, você também não. Nós somos assim, introspectivos, eu um pouco mais.
Enfim, eu achei que você merecia saber disso. Talvez um dia nós dois consigamos descobrir juntos, o que sentimos de fato um pelo outro. Apesar disso, você será sempre o meu melhor amigo.

2 comentários:

Sol disse...

adorei o que vc fez..
temos que falar o que sentimos sempre..
eu aprendi a fazer isso e confesso que me sinto bem melhor..
bjs.Sol

Maísa Braga disse...

tá. eu sei pra quem é. Acho que foi um dos melhores textos que eu ja li por aqui. Mas ele vai ler isso um dia?