14 de fev. de 2016

Ela por ela

Eu sou o rabisco feito a lápis no teu caderno de rascunhos.
Sou a melodia das canções do Velvet Underground.
Sou o cigarro que gruda nos dedos na tarde de domingo.
Cedo ou tarde eu vou ganhar a sua atenção. E depois que eu o fizer você vai se perguntar por que não antes.
Eu sou aquela música dos Beatles, grave, pesada e provocante.
Eu sou sorrisos fáceis e bobos.
Eu sou piadas sem nexo e filosofia sem fundamento.
Eu sou tanta coisa e você aí, perdendo tempo tentando definir.
Eu sinto como quem me sente.
Eu me entrego pra quem se doa.
Eu sou leveza. Sou peito aberto. Sou expectativas.
Eu sou eu, sem ser.
E eu me gosto assim.

18 de jan. de 2016

Mas eu sou intensa

Tem que ser um passo de cada vez, e com delicadeza pra não assustar.
Cada um tem o seu tempo, mas o meu é acelerado.
Eu me dou com tanta intensidade. E sinto na mesma medida. E me jogo, assim, de olhos fechados e braços abertos.
Mas é difícil achar quem aguente o tranco. Quem corresponda numa via de mão-dupla e sinta tudo igual.
Essa coisa de ser cinza, eu não sei não. Só sei ser preto ou branco. E por inteiro, que de metades eu já fiz coleção.
Mas é difícil achar quem se apegue ao toque. Quem feche os olhos pra gravar o cheiro e o gosto do beijo. E assim sempre fica incompleto.
Sei não, talvez eu  deva aprender a me dividir em metades também.
Mas é difícil convencer esse coração pulsante a bater mais devagar.

6 de jan. de 2016

Eu assumo formas

Às vezes eu sou esposa. Cozinho pra ele e faço todas as suas vontades, mas cobro de volta em forma de carinhos. Uso vestidos rodados e blush cor de rosa. Peço pra olhar as estrelas e dormir agarradinho.
Outros dias sou mulher. Visto a sua jaqueta e ando na garupa de sua moto com os braços abertos. Meu apetite por aventura o excita e torna as coisas mais divertidas. Óculos escuros e batom vermelho.
Tem momentos em que sou só solidão, e o afasto sem pestanejar. Mas ele volta e diz coisas bonitas que me derretem toda. E eu esqueço do medo e da raiva. E ele traz o café na cama e faz massagem nos pés. E eu peço pra parar porque assim eu não aguento não. Mas continua porque, na verdade, eu não to falando sério.
Ele, que não tem nome, mas já existe há tanto tempo em mim, toma formas e rostos para virar outra pessoa. Assim como eu.
E a gente se entende. Se basta e se completa. E eu peço pra não demorar, mas eu sei que as melhores coisas sempre chegam atrasadas.

9 de jan. de 2015

Mais um poema que não vai mudar o mundo

Eu queria fazer dele poema,
E com a minha pena fazer de papel seu corpo forte.
Eu tentei argumentar.
Explicar que não tenho sorte.
Que sou sem jeito
E que se ele olhasse assim de pertinho viria um milhão de defeitos.
Ele gostava de me deixar encabulada.
E quanto mais eu corava mais ele gargalhava,
E eu só ficava agoniada.
Ele não via graça na minha poesia.
Pra qualquer tópico de rede social eu perdia.
Ele não achava minhas palavras bonitas.
Por isso nem fiz questão de mostrar aquelas que nunca foram ditas.

7 de jan. de 2015

Da expressão "deixando de ser trouxa"

No dia em que eu percebi que eu era apenas tua vaidade me libertei das amarras.
Abri os olhos e não te queria mais. Foi quase instantâneo.
Pois quem quer bem transborda. Transparece. E você mal aparece.
No dia em que eu entendi como você precisava de mim a fotografia mudou de ângulo.
Enxerguei com os teus olhos e eles só alcançavam o próprio eixo.
Foi então que entendi que nunca foi sobre mim, mas sempre sobre você.
Foi então que entendi o bem que te causava a cada mal que você fazia a mim.
Foi então que percebi o quanto você era patético.
Pensei em rasgar as cartas e mudar de endereço, mas preferi deixá-las ali sem resposta. Com o tempo elas iam chegando e somavam-se aos teus telefonemas.
Cansei de enaltecer o seu ego  e tratei de curar o meu.
E daqui pra frente sempre que quiser questionar minhas atitudes sugiro que pense no quanto são parecidas com as suas.

3 de jan. de 2015

Auto proteção

Ela se fecha.
É a reposta após uma  abertura brusca.
Na procura por solo firme ela afunda em areia movediça.         
Cada passo mais presa.
Cada movimento menos controle sobre si.

28 de dez. de 2014

Um bom ano

Eu queria dedicar um tempinho e separar umas palavras especiais pra 2014 porque, afinal, ele merece. Pela movimentação na minha timeline eu percebi que nem pra todos foi um bom ano. Bom, só posso falar por mim, e apesar de tudo, 2014, você tá de parabéns. 

Comecei o ano buscando o equilíbrio que eu perdi em 2013. Comecei pelo corpo. Mudei alimentação, pratiquei exercícios, adotei hábitos mais saudáveis e vi o número da balança diminuir e minha disposição aumentar. Foi inevitável que esse equilíbrio alcançasse outras áreas da minha vida. Me desapeguei de rótulos no que diz respeito à religião e me senti mais em paz com Deus do que todos os anos que passei frequentando igrejas. Aceitei as mudanças que aconteciam em meu interior, mais especificamente na minha mente, e soube tirar o melhor proveito disso tudo. Defini conceitos, revi valores, e por fim cheguei a conclusão de que eu não sou mesmo nada e não sei mesmo nada. Tô aqui pra continuar aprendendo em 2015, 16, 17 e pra vida. 

Em 2014 aprendi que quando as coisas estão predestinadas a acontecer elas acontecem. Elas caem do céu, brotam na terra, te acham e acontecem de alguma forma. Foi assim que aconteceu a oportunidade de trabalhar na Estante Virtual. Uma experiência incrível, um lugar maravilhoso onde aprendi muitas coisas, conheci pessoas fantásticas e tive a oportunidade de colocar tudo o que aprendi em prática. Mais cedo do que eu imaginava essa passagem chegou ao fim. Como tudo acontece na hora que tem que acontecer, aconteceu a oportunidade de mergulhar de vez no mundo da comunicação. E eu agarrei. E volto pra contar o fim dessa história em 2015. Embora tenha uma vozinha aqui dentro dizendo que é só o começo. Ainda na vida profissional em 2014 eu arrisquei e resolvi jogar tudo pro alto pra fazer o que eu sempre quis. Largar uma faculdade quase completa pela metade pra começar outra do zero é coisa de gente doida. E eu sou o que mesmo? Até agora não me arrependi nem por 1 segundo. O mundo da comunicação me aceitou em 2014 e me trouxe tanta coisa boa de uma vez. Foi nele que eu me achei e veio aquela sensação maravilhosa que eu senti no dia dos meus 22 anos de estar exatamente aonde eu deveria estar. 

Foi nesse ano que eu aprendi o valor de uma verdadeira amizade. Eu achei que tinha vários amigos, depois achei que não tivesse nenhum, por fim percebi que eu tenho poucos. Tô falando de amigos. Não companheiros de festa ou de grupos do whatsapp. Tô falando de vocês que se preocuparam comigo, que me ouviram, que confiaram em mim pra ouvir vocês, que se aproximaram só pra estar por perto. Eu revi amizades, me afastei propositalmente de algumas e me reaproximei de outras. Quem tá comigo, tá comigo! E disso eu não abro mão. Vocês, amigos, sempre terão todo o carinho e lealdade que essa leonina aqui pode oferecer. 

E a minha família maravilhosa? Ah, como esse ano foi bom pra gente. Como eu me senti próxima de vocês 3, mãe, pai e irmão. Como vocês foram importantes me apoiando nas minhas decisões, me passando segurança quando eu precisei e se esforçando pra me entender. Nós 4 somos tão diferentes, mas o esforço que a gente faz pra se entender e se aceitar mesmo assim mostra o quanto a gente se ama. Cada um do seu jeito. Do jeito que pode. Vocês foram meu 505. E a tatuagem desse ano foi pra vocês. Foi pra mim. Pra lembrar que quando tudo fica meio turbulento e confuso eu continuo tendo vocês, meu 505. I’m going back to 505. 

2014 teve tanto show, teve tanta festa, teve tanta ressaca, teve tanta euforia. Teve muito choro. Teve saudade. Teve liberdade. Teve amor. Teve Arctic Monkeys e Kings of Leon e só isso já faz meu ano. 

Eu tô fechando esse ano com chave de ouro. À todos que fizeram parte do meu 2014, vocês são incríveis. Tenho o coração leve, a mente sã e a consciência tranquila. Ou quase, porque a única coisa que me perturba atualmente são alguns quilinhos recuperados nesses últimos 2 meses do ano por pura falta de vergonha na cara. Nada que a disposição sem igual de janeiro não mande pro espaço. 

O ano foi realmente maravilhoso, mas eu tenho um pressentimento de que 2015 vai ser ainda melhor. Não sou sensitiva nem nada, mas quando eu cismo com coisa assim não costumo errar ;)