28 de dez. de 2014

Um bom ano

Eu queria dedicar um tempinho e separar umas palavras especiais pra 2014 porque, afinal, ele merece. Pela movimentação na minha timeline eu percebi que nem pra todos foi um bom ano. Bom, só posso falar por mim, e apesar de tudo, 2014, você tá de parabéns. 

Comecei o ano buscando o equilíbrio que eu perdi em 2013. Comecei pelo corpo. Mudei alimentação, pratiquei exercícios, adotei hábitos mais saudáveis e vi o número da balança diminuir e minha disposição aumentar. Foi inevitável que esse equilíbrio alcançasse outras áreas da minha vida. Me desapeguei de rótulos no que diz respeito à religião e me senti mais em paz com Deus do que todos os anos que passei frequentando igrejas. Aceitei as mudanças que aconteciam em meu interior, mais especificamente na minha mente, e soube tirar o melhor proveito disso tudo. Defini conceitos, revi valores, e por fim cheguei a conclusão de que eu não sou mesmo nada e não sei mesmo nada. Tô aqui pra continuar aprendendo em 2015, 16, 17 e pra vida. 

Em 2014 aprendi que quando as coisas estão predestinadas a acontecer elas acontecem. Elas caem do céu, brotam na terra, te acham e acontecem de alguma forma. Foi assim que aconteceu a oportunidade de trabalhar na Estante Virtual. Uma experiência incrível, um lugar maravilhoso onde aprendi muitas coisas, conheci pessoas fantásticas e tive a oportunidade de colocar tudo o que aprendi em prática. Mais cedo do que eu imaginava essa passagem chegou ao fim. Como tudo acontece na hora que tem que acontecer, aconteceu a oportunidade de mergulhar de vez no mundo da comunicação. E eu agarrei. E volto pra contar o fim dessa história em 2015. Embora tenha uma vozinha aqui dentro dizendo que é só o começo. Ainda na vida profissional em 2014 eu arrisquei e resolvi jogar tudo pro alto pra fazer o que eu sempre quis. Largar uma faculdade quase completa pela metade pra começar outra do zero é coisa de gente doida. E eu sou o que mesmo? Até agora não me arrependi nem por 1 segundo. O mundo da comunicação me aceitou em 2014 e me trouxe tanta coisa boa de uma vez. Foi nele que eu me achei e veio aquela sensação maravilhosa que eu senti no dia dos meus 22 anos de estar exatamente aonde eu deveria estar. 

Foi nesse ano que eu aprendi o valor de uma verdadeira amizade. Eu achei que tinha vários amigos, depois achei que não tivesse nenhum, por fim percebi que eu tenho poucos. Tô falando de amigos. Não companheiros de festa ou de grupos do whatsapp. Tô falando de vocês que se preocuparam comigo, que me ouviram, que confiaram em mim pra ouvir vocês, que se aproximaram só pra estar por perto. Eu revi amizades, me afastei propositalmente de algumas e me reaproximei de outras. Quem tá comigo, tá comigo! E disso eu não abro mão. Vocês, amigos, sempre terão todo o carinho e lealdade que essa leonina aqui pode oferecer. 

E a minha família maravilhosa? Ah, como esse ano foi bom pra gente. Como eu me senti próxima de vocês 3, mãe, pai e irmão. Como vocês foram importantes me apoiando nas minhas decisões, me passando segurança quando eu precisei e se esforçando pra me entender. Nós 4 somos tão diferentes, mas o esforço que a gente faz pra se entender e se aceitar mesmo assim mostra o quanto a gente se ama. Cada um do seu jeito. Do jeito que pode. Vocês foram meu 505. E a tatuagem desse ano foi pra vocês. Foi pra mim. Pra lembrar que quando tudo fica meio turbulento e confuso eu continuo tendo vocês, meu 505. I’m going back to 505. 

2014 teve tanto show, teve tanta festa, teve tanta ressaca, teve tanta euforia. Teve muito choro. Teve saudade. Teve liberdade. Teve amor. Teve Arctic Monkeys e Kings of Leon e só isso já faz meu ano. 

Eu tô fechando esse ano com chave de ouro. À todos que fizeram parte do meu 2014, vocês são incríveis. Tenho o coração leve, a mente sã e a consciência tranquila. Ou quase, porque a única coisa que me perturba atualmente são alguns quilinhos recuperados nesses últimos 2 meses do ano por pura falta de vergonha na cara. Nada que a disposição sem igual de janeiro não mande pro espaço. 

O ano foi realmente maravilhoso, mas eu tenho um pressentimento de que 2015 vai ser ainda melhor. Não sou sensitiva nem nada, mas quando eu cismo com coisa assim não costumo errar ;)

5 de dez. de 2014

A paixão de transporte público

Ela acaba tão rápido quanto começa, mas enquanto dura é mais intensa do que muitos amores eternos jurados por aí.
Outro dia eu me apaixonei perdidamente dentro do 457. Estava chovendo e eu fiquei aliviada por conseguir o último lugar daquele ônibus lotado. Dois pontos depois o amor da minha vida entrou. Calça jeans, blusa branca e eu me senti dentro da música da Lana Del Rey. O guarda-chuva provavelmente estava com defeito, pois o cabelo molhado o estava denunciando. Ele sacode os cabelos bagunçados e eu esqueço como se respira por alguns segundos. Entra e para um lugar a minha frente. Felipe. Era esse o nome dele. Claro. Eu descobri só de olhar para o rosto.
Procuro instantaneamente a música tema do nosso romance no celular e já imagino como seria lindo o momento em que estivéssemos a sós ouvindo a melodia arrastada. Só eu e o Ricardo. Eu disse Felipe? Não. Ele era Ricardo. Com certeza.
No mundo restrito do 457 eu e o Ricardo trocávamos alguns olhares tímidos e significativos. Ou será que ele estava olhando a senhorinha tagarelando alto ao celular do meu lado? Não, nada disso. Era pra mim. Com certeza.
Olhando bem Ricardo era um nome muito comum pra alguém com uma expressão tão misteriosa. Gael. Nome curto. Forte. Cheio de personalidade. Gael. Isso. Eu e Gael. Contaria para as minhas amigas, a gente se viu no ônibus e puuf! Paixão à primeira vista. Ali, Na lata. Eu já sabia tudo sobre ele. Tinha uns 25 anos, era estudante de psicologia e adorava crianças. Eu rio da minha própria imaginação e falta de bom senso e (pasmem!) ele ri de volta. AI, MEU DEUS! Será que ele ouviu? Será que eu falei alto o que pensei? Será que ele leu meus pensamentos? Ou será que eu fiquei olhando pra ele com cara de idiota esse tempo todo e ele estava achando engraçado. Prefiro não descobrir e tomada de uma repentina timidez encaro a janela.
Quando volto a olhar o meu coração se parte em pedaços. Cadê o Gael?! Como assim ele foi embora? Como assim desceu e nem se despediu? Saltou em um ponto qualquer de Vila Isabel e levou meu coração junto com ele. Mas e a nossa vida juntos que começaria dali em diante? E os nossos filhos fruto dessa paixão avassaladora. É. Gael partiu meu coração ao meio e me deixou sozinha para colar os cacos até o bairro das Laranjeiras.
Ainda um pouco arrasada desço do ônibus quando chega meu destino. Aquela música toca em looping no meus fones e eu continuo sonhando com o sorriso tímido do Gael. Vou atravessar a rua e pah... quase sou atropelada por uma bicicleta pensando no Gael.
“Tá tudo bem, moça?”
O Rodrigo me pergunta com os olhos mais verdes que eu já vi na minha vida.
Gael? Quem era mesmo?
Ah, não. Tudo de novo não!

Poema das borboletas (ou porque eu tive que mata-las)

Culpada sou eu que fico sem ar.
Errada sou que ilumino sem me importar.
Já não sei se as borboletas são boas ou ruins. Acho que prefiro mata-las asfixiadas ou afogadas em gim.
Se der errado pelo menos eu tenho folhas em branco esperando para serem vomitadas de palavras.
De certa forma essa é a única maneira de eu me sentir confortada.
Causa e consequência e ainda assim não aprendo.
Piso em nuvens sem medo de caminhar contra o vento.
Isso tudo é coragem ou estupidez?
Reflito e não chego a conclusão alguma. Melhor assim. Pelo menos dessa vez.

1 de dez. de 2014

Das crises de ansiedade

Eu sei que está prestes a acontecer quando as mãos começam a suar. Geralmente é início da madrugada. Ou qualquer outro momento onde sou obrigada a ficar sozinha com os meus pensamentos. E aí eles assumem o controle.

Eu chacoalho a cabeça repetidas vezes numa tentativa frustrada de manda-los para longe de mim. Mas eles nunca vão. Entrelaçam os tentáculos imundos na minha mente e se dissipam pelo resto do corpo.

E os sintomas começam. As mãos já estão ensopadas, o coração dispara de um jeito dolorido, a cabeça lateja a marteladas. Eu aperto as unhas contra a mão fechada na esperança de que a dor da carne perfurada faça a outra desaparecer. Não adianta. Nada adianta.
Dormir já é um sonho distante. Eu abro todos os livros da estante até que um deles prenda a minha atenção. Funciona por uns 10 minutos, até o polvo voltar e apertar seus malditos tentáculos para me provar que toda tentativa é inútil.

Eu tento desmanchar o nó da garganta engolindo 1 litro da bebida mais forte que eu encontro. Ainda assim ele persiste. Respirar dói. Pensar dói mais ainda. E eu penso em tudo. Tudo o que eu me esforço de maneira absurda para não lembrar ao longo do dia vem agora em flashes intensos. Só posso captar, digerir, processar. Volto aos paliativos. É um ciclo vicioso.
Ando por cada canto desse quarto abafado como se isso fosse me levar a algum lugar. Não chego a lugar nenhum. Uma olhada pela janela e o dia já começa a clarear. Acabou. Mais uma noite não dormida, mas pelo menos agora a agonia teve fim. Agora eu tenho barulho o suficiente para que os pensamentos não sobressaiam. Não é?

Um banho cura tudo. E eu passo o dia me preparando psicologicamente para a batalha da noite seguinte.

26 de nov. de 2014

A cartilha do desapego

Eu sei como funciona. O acaso me prega peças. E no meio delas você veio embrulhado pra presente. Eu tropeço em cada oportunidade. Não sei ser pela metade, então acabo sendo por inteiro. E ninguém é ingênuo o suficiente pra cair nessas armadilhas do acaso. Só eu.

Eu vou vivendo por inteiro, sendo por inteiro, sentindo por inteiro e me entregando de bandeja por inteiro. Vou parar e prestar atenção em você, pelo simples fato de que eu adoraria que você fizesse o mesmo por mim. Eu reparo em tudo. Já sei seus horários, já gravei a posição das cinco pintinhas perdidas pelo seu nariz, já sei os dias em que você aparou ou não a barba. Tudo isso porque eu presto atenção. Eu absorvo suas palavras. Escuto, leio, mastigo, engulo. Qualquer coisa que indique um prefácio desse livro novo que é você me apetece de forma incansável.

Então eu lembro que eu também sou um livro. Um livro novo que você nunca leu. Me posiciono estrategicamente aberta entre as páginas 20 e 21 na sua mesa de cabeceira. No primeiro dia você passa direto e eu imagino que tenha perdido a batalha contra o sono. Tudo bem, vamos tentar novamente. Segundo dia e dessa vez a tela do computador parecia mais interessante. Vou ficar por aqui. Daqui a pouco o seu interesse grita aí dentro e você pega o livro, que sou eu, para dar uma folheada. Afinal, eu li seu livro por inteiro. Sei as frases, as citações, as vírgulas de cabo a rabo.
Os dias passam e o livro continua ali, largado e aberto. Você o pegou, leu algumas páginas e voltou a deixá-lo de lado. E nesse tempo eu cansei. Não dá pra ser por inteiro quando você não é nem ¼. Não dá pra fingir que eu não tenho vontades e necessidades pra agir de acordo com as tuas. Eu mesma fecho o livro e o retiro de perto de você. Ele é interessante e eu sei que haverá mais gente disposta a lê-lo.

Começo então a seguir as regras da minha cartilha do desapego. Vai ser fundamental evitar contato daqui em diante. O seu nome vai sendo apagado da minha cabeça, mas vai permanecer intocável no topo da minha lista de contatos do facebook. Cada movimento vai ser calculadamente ignorado. Até que vai deixar de incomodar. Não é doer. Os calos que eu ganhei ao longo do caminho até aqui já me deixaram mais resistente à dor. Mas é um incomodo. Uma pequena ardência na boca do estômago e um pequeno nó na garganta. A sensação de saudade de tudo aquilo que não foi, não é e nunca vai ser. “Minha filha, isso é apeguite moderada. Vou te prescrever uns remédios e em alguns dias estará tudo de volta ao normal”.

E assim foi. Ou será. Ou eu espero que seja.

10 de nov. de 2014

Medos dentro de caixas

Ele teve tudo em mãos, mas não soube aproveitar.
No meio das minhas catástrofes e catarses eu só queria alguém que enxergasse além das minhas retinas.
Eu estava exposta e entregue nas minhas palavras, mas ele preferiu tremer de medo ao invés de devorar cada uma delas.
Eu me mostrei e me abri como um origami desfeito para que ele notasse as linhas e acertasse o desenho. Mas dobrar de volta era trabalhoso e ele não se sentia capaz.
Eu estiquei tapetes e ele construiu muros de silêncio e insegurança.
Assim eu não pude. Assim eu não quis.
Minha paixão por detalhes fez com que eu enxergasse o pedido de socorro em cada suspiro desse homem. Eu atendi. Estou aqui, pode descansar. Mas ele tinha medo de ser feliz.
Essa criatura que procurava demônios para chamar de seus me deixava intrigada, mas eu já cansei de me sentir assim.
Ainda que ele justificasse tudo me soava falso. Não era culpa minha. Meus ouvidos haviam sido programados pra escutar desse jeito.
Logo agora que eu já havia me acostumado ao marasmo e calmaria ele tentava agitar minhas águas.
Logo agora que a poesia dentro de mim estava calada e adormecida ele havia encontrado um jeito de fazê-la gritar.
Agora eu esqueci como se tranca a caixa. Se tiver sorte acho as chaves antes que seja feito o estrago.

5 de out. de 2014

Nantes.

Vigésimo terceiro dia daquele mês chuvoso. O barulho das gotas batendo na janela competiam com o som da agulha arranhando o disco que terminava de tocar. Quase um ano nessa cidade estranha e provinciana. A essa altura tudo já se resumia ao marasmo. Eram as mesmas cercas descascadas, as mesmas ruas pacatas até em períodos de férias, o mesmo Sol gelado e aquele cheiro de mato que já estava impregnado no meu nariz. Tudo isso se evidenciava com a sua ausência. Após o terceiro mês sem receber uma correspondência sua percebi que em meu rosto nasciam linhas a cada dia. O canto da sala resumia-se a pilhas de cartas escritas que nunca enviei. As letras apagadas e frouxas na máquina de escrever produziam o som da minha angústia quando apertadas. Aprendi a preencher o vazio das paisagens com o seu sorriso, e só então aquele rio voltou a parecer bonito. Mas esses postais foram ficando feios quando eu me dei conta do tanto de tempo que fazia desde a última vez que eu vi esse sorriso. Durante as noites me dava vontade de dançar. Mais uma noite nessa cidade e eu dançava sozinha com a lembrança do contorno do seu corpo, e ninguém ousava levantar a voz. E o sorriso desaparecia. E aos poucos mal me restava a lembrança. Meus dedos se fundiram às teclas da máquina, e aos poucos eu me diluí nas pilhas de cartas. Tão frágil quanto papel, uma noite o vento rompeu a janela e espalhou as pilhas até que fossem apenas palavras sem sentido. E então eu pude lembrar de sorrir.

13 de ago. de 2014

Sobre dados e sentimentos

Nunca vou entender
Essa lógica de ter que largar para ser.
E o deixar acontecer é nada mais que ver fenecer.
E ser como sou não surte efeito. E quanto mais eu faço, mais percebo que não pode ser do meu jeito.
Obrigada a entrar em um jogo que não quero jogar.  Isto que vocês querem  que eu aceite está longe de ser caminho para algum lugar.
Vou fazer do meu jeito, até encontrar quem saiba gostar. Ou goste sem saber. Ou pelo menos me deixe ser.
Fora isso, continuarei recusando cada partida em que sou convidada.
Seu tabuleiro já está completo, e essa peça está cansada.