14 de mar. de 2013

Eu deixo, se você deixar


Você disse que tinha saudades. Eu acreditei. Você disse que queria me ver. Eu acabei com a distância que existia entre nós dois. Você sempre disse. Eu sempre fiz. Mas chegou uma hora em que você parou de dizer, mas eu continuei fazendo.  Você dizia que ainda estava lá. Eu jurava que conseguia sentir. Talvez fosse melhor se eu ouvisse aquela voz que falava baixinho comigo. Aquela que eu calava com as músicas bonitinhas que você tocava pra mim. Aquela voz que dizia “Sai daí, garota! Isso não é pra você”. Mas eu nunca sairia enquanto você não me pedisse. Porque você já conhece bem essa minha mania de só fazer o que você manda.

Se fosse pra descrever o agora, eu diria que me sinto atada aos teus pensamentos que nem conheço. Eu quero agir, mas não posso. Não sem saber como você reagiria à minha ação. Eu não posso pensar, sonhar ou realizar. Nada disso até você sair desse casulo de silêncio e vazio que criou pra se proteger de mim. E eu nem queria muita coisa. 
Talvez, só se você deixasse, eu te daria aquele abraço de por-favor-me-acolha que você tanto gosta. Eu te faria se sentir o homem mais forte do mundo, porque você segura com os braços todos os meus medos (que você bem sabe, são muitos). Ainda se você permitisse, eu te deixava secar minhas lágrimas. Aquelas que você nunca vai saber que caem por causa de você. Te faria meu porto seguro por 20 minutos. Te diria aquelas coisas simples, mas sinceras, que eu venho guardando há um bom tempo. Tudo aquilo que eu tenho vontade de te dizer, mas não digo, porque não sei se você quer ouvir. Você ia gostar de saber que eu penso mais em você no que no cara que está aqui do meu lado? Ia gostar de saber que eu minto descaradamente quando digo que você é até legal, mas não faz o tipo pelo qual eu me apaixonaria? Ia gostar de saber que eu tenho perdido dias de trabalho e noites de sono matutando a mesma pergunta na cabeça: o que afinal eu sinto por você? Eu digo, se você quiser ouvir. Eu deixo, se você deixar.

Dói um pouquinho ser obrigada a duvidar do seu carinho. Mentira. Dói muito. Eu não gosto quando você não age de acordo com o que diz. Eu odeio quando você diz essas coisas que me amolecem. E eu não suporto o fato de não poder ler os seus pensamentos. Eu queria te tirar da minha vida, mas morro de medo ao pensar em como ela pode ficar sem você. 
Eu sei que você nem é tão grande assim. E que em você eu sou pouquinho. Mas em mim você exagera. Transborda até pra onde não pode. Eu vou tentar fechar o pote, quem sabe assim você pare de vazar. Ainda bem que eu sou avoada e você egocêntrico. Dessa forma eu vou conseguir manter os meus olhos o mais distante possível, e você vai passar tempo demais olhando pro seu próprio mundo pra reparar em algo do meu.


10 de mar. de 2013

Fator surpresa


Talvez se eu tivesse dito a verdade de cara tudo isso teria sido mais fácil.
Você gosta do céu azul, do barulho dos animais e das folhas das árvores balançando. Eu prefiro a ambição, os acidentes e a melancolia.
O problema é que eu te olho com sentimento, enquanto você me responde com palavras. Como eu amava as palavras! Passei a odiá-las por causa de você.
Nós nunca nos compreendemos. Nunca ficou claro pra nenhum dos dois.  Talvez eu me agarre a essa incerteza, porque você nunca diz e nem desdiz.
Eu te conheço pelo modo que me abraça, quase dá pra sentir o carinho em seus braços. Mas o que me prende é a dúvida dos seus olhos impenetráveis.
Não acho que a culpa seja minha. Ainda que eu sempre a assuma, não acho que seja.
Eu gosto quando você me deixa de lado e rabisca no seu caderno. Eu te olho com admiração. O problema é quando você acaba. Você nem sempre se lembra de mim de imediato. E isso já se tornou o habitual.

2 de mar. de 2013

Mas eu não falo francês


Eu não vou ligar se você quiser deixar aquela luz acesa. Vai ser a única prova de que você, de fato, esteve aqui. E não é só o álcool que derrete o gelo no meu copo, nem o cigarro deixado de lado queimando no cinzeiro, também não é esse bar escuro e frio que eu insisto em frequentar. Não. Não é nada disso.

O que me incomoda é essa sua presença constante e inconveniente. Essa sua necessidade de se auto afirmar em todas as minhas coisas. Dia desses um amigo disse ter te encontrado em um dos meus livros. Achei muita audácia de sua parte.

E não, eu não tenho todo aquele charme e elegância franceses que você queria que eu tivesse. Mas eu sempre quis sussurrar um je t'aime meio rouco no seu ouvido. Mas me faltou coragem.