Não vou te contar sobre os verões na casa da árvore. E
nem sobre as noites de inverno em que eu vesti meias de lã e acabei com
garrafas de vinho, sozinha. Você não vai
me contar sobre as suas noites solitárias de sábado. Aquelas que você gosta
mais. Aquelas noites que você passa em claro desenhando esboços e escrevendo em
guardanapos de bares. Pare de tentar bancar o sedutor. Nós dois sabemos que
você não é assim.
O que eu gosto em você é o que ninguém pode ver. Se eles
vissem, se soubessem, se gostassem perderia a graça. Pare de se mostrar! Deixe
que eu descubra. Guarde só pra mim.
Você tem um coração partido? Eu não sei se tenho um
coração para se partir, mas tudo o que eu quero é consertar o seu.
E me deixe participar das suas noites solitárias! Eu juro que te levo pra casa da árvore. Nós podemos rabiscar papéis, e eu deixo você
rabiscar até minhas costas se quiser. Eu posso ser o seu papel quando os
guardanapos acabarem. Também posso ser a sua inspiração quando as
mulheres-dos-seus-sonhos te deixarem com uma dose de tristeza, dois dedos de
amargura e um coração partido.