29 de jan. de 2011

Olhos negros


-Seus olhos são tão escuros! Quase não dá pra ver a pupila – ele disse enquanto olhava de perto e com atenção para aqueles olhos bem na sua frente.
-É, eles são misteriosos. – ela disse, mais brincando do que falando a verdade.
Misteriosos. Era essa a palavra que faltava, o adjetivo que ele estava procurando. Tentava, mas não conseguia entender o porquê de aqueles olhos chamarem tanto a sua atenção.
Negros e marcados, perdiam-se em meio ao rosto pequeno e harmonioso. Mas ainda assim ele os achou. Ele tentou o que pode até desistir de enxergar alguma coisa através daqueles olhos. O preto criou uma barreira, e era impossível descobrir o que ela guardava por trás.
De vez em quando surgiam alguns alarmes falsos. Quando parecia que algo ia escapar por uma brecha qualquer de dia, a noite voltava e acabava com qualquer possibilidade.
Ele se acostumou com isso, com os olhos misteriosos e com a caixinha de surpresas que era a sua dona. Descobriu que os olhos negros enganam até sem querer, e que fingem se perder para se proteger.

6 de jan. de 2011

Não estou pronta pra perdoar (e talvez nunca esteja)

Eu esperava mais de você. Esperava mais fidelidade, mais consideração, mais caráter.
Eu esperava menos de você. Esperava menos palavras, menos traições, menos filhadaputisse.
Não dá pra te culpar. Era só ter olhado melhor pra perceber que você é assim. Estava na minha cara o tempo todo, eu não vi porque não quis. Isso foi só você sendo você.
Você conseguiu me enganar com seus gestos superficiais.
Eu fui idiota por pensar que comigo seria diferente. No final, você faz isso com todo mundo.
Não se preocupe, você não me deve nada. Seu papel? Contribuiu de maneira absurda para o gelo que cresce e amadurece cada vez mais aqui dentro.
Eu não espero mais nada de ninguém. Mas de você, espero o pior.